Como o Manchester City dominou o Real Madrid

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Aug 22, 2023

Como o Manchester City dominou o Real Madrid

Bernardo Silva bisou no primeiro tempo para o City, que será favorito

Bernardo Silva marcou duas vezes no primeiro tempo para o City, que será favorito contra a Inter de Milão na final.

Por Rory Smith, Tariq Panja e Andrew Das

Rory Smith

MANCHESTER, Inglaterra - Não importa o que aconteça a partir daqui, independentemente de a campanha do Manchester City na Liga dos Campeões terminar com medalhas e desfiles e a realização do sonho final e meticulosamente planejado do clube, parecia que algo mudou em meio ao tumulto delirante da Etihad Stadium na noite de quarta-feira.

Não basta dizer que o Manchester City garantiu uma vaga na final da Liga dos Campeões pela segunda vez em três anos. Não é só que a equipa de Pep Guardiola derrubou o Real Madrid, atual campeão, superando por 4-0 o clube que encara esta competição como uma festa privada.

É que o City fez isso com um desempenho - dadas as circunstâncias, dadas as apostas, da identidade, reputação e talento do adversário - que certamente está entre os melhores e mais dominantes que este torneio já viu. Este foi o Manchester City enviando uma mensagem, fazendo uma declaração, provando um ponto. E no processo, também foi o Manchester City vencendo seus fantasmas.

As dificuldades de Guardiola neste torneio são bem conhecidas. Ele é, por consenso comum, o melhor treinador de sua geração e, no entanto, passou grande parte da última década encontrando maneiras criativas de não vencer a Liga dos Campeões. Ele planejou perder para Mônaco e Lyon, Liverpool e Tottenham. Ele perdeu uma final para o Chelsea porque mexeu com seu time. Ele perdeu uma semifinal para o Real Madrid em um piscar de olhos.

Tornou-se um tropo que Guardiola, em sua urgência, complica demais as coisas. Existe uma teoria - uma que ele mesmo mencionou aqui - de que seu histórico, como torcedor do Barcelona, ​​deu a ele o que pode parecer, sob certas luzes, uma fixação um tanto doentia com este torneio.

Ele sempre considerou isso um absurdo, é claro, descartando a ideia de que possa haver um padrão, atribuindo as repetidas decepções a nada mais complexo do que as vicissitudes do jogo. Isso fez pouco para acabar com a sensação, porém, de que a Liga dos Campeões havia se tornado seu – e por extensão o calcanhar de Aquiles do Manchester City – o único reino que a riqueza sem fundo do clube e a precisão de ponta da faca não poderiam conquistar.

Talvez, dada a natureza do projeto da cidade, isso sempre pudesse evaporar eventualmente. Afinal, trata-se de um clube que tem uma incontornável qualidade mecanizada. Por toda a riqueza de seu estilo, o brilho de seu talento, é difícil não perceber a precisão fria e calculada com que foi construído.

É um clube que parece ter sido construído - com as especificações exatas do melhor técnico do mundo e depois equipado com o melhor de tudo que o dinheiro pode comprar - em vez de crescido. Em algum momento, isso sempre diria. Em algum momento, estabelecer-se como a força dominante da Liga dos Campeões é menos um desafio esportivo e mais uma fórmula econômica.

Isso, porém, não deve disfarçar o estilo com que o City derrotou o Real Madrid. Guardiola havia, nos dias anteriores ao jogo, detectado em seus jogadores os três ingredientes que acreditava serem necessários para garantir uma vaga na final contra a Inter de Milão, em Istambul, no dia 10 de junho.

Havia uma sensação de "calma", disse ele, uma ausência de pânico e ansiedade. Havia "tensão" também, o limite, o estado de alerta necessário para atuar. E, crucialmente, houve a "dor" do que aconteceu no ano passado, quando o City foi vítima daquela peculiar magia exercida pelo Real Madrid, e apenas pelo Real Madrid. Por um ano, disse Guardiola, seu time foi forçado a "engolir o veneno" daquele jogo. Esta foi a chance de expurgá-lo.

No primeiro tempo de quarta-feira, em particular, parecia que isso poderia ser lembrado como o ponto alto do projeto de Guardiola em Manchester, o ápice do time que ele passou os últimos seis anos construindo, aprimorando, polindo e aperfeiçoando.